sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

RAIMUNDOS - Cantigas de Roda - 2014

Nossa, tanto tempo longe, e tanta coisa boa nova lançada que nem sei por onde começar. Bom, vamos de rock nacional, digo de verdade, não pop xexelento embalado a vácuo pela mídia pra vender! Falemos então do novo trabalho dos Raimundos, que, confesso aqui, nunca tive muita vontade de ouvir e acompanhar desde a conturbada saída de Rodolfo (que virou irmãozinho), mais precisamente desde o ótimo"Lapadas do Povo". De lá pra cá, larguei de mão. Eis que por mera curiosidade estou ouvindo o "Cantigas de Roda", e confesso que me surpreendi positivamente. O disco basicamente é aquele hardcore cross over característico dos primórdios da banda, inclusive, a impressão que tive é de que eles rebuscaram muita coisa do passado, unindo elementos dos 3 primeiros álbuns e as canções mais radiofônicas também. A linha de vocais do Digão não compromete, muito pelo contrário, tem mais dicção do que o carismático antecessor, sendo possível compreender melhor as letras tórridas cheias de duplo sentido, palavrão e sacanagem ao melhor estilo dos contos populares nordestinos que eles tem maestria em fazer. Os demais instrumentistas também não fazem feio, com linhas melódicas simples com aquele batidão característico do hardcore, além de umas sacadas interessantes com trompetes em uma ou duas faixas, resultado bem interessante. No geral gostei do que ouvi, dou destaques para as faixas "Gordelicia", faixa engraçada com um refrão bacana, "Rafael", "Cera quente" que se não fosse pesada na letra, poderia tocar nas rádios facilmente, se é que não vai. E por final, a pesada ultima faixa do disco "Politics", uma crítica sócio-política clichê, mas muito boa musica. O resultado final em termos de qualidade sonora da gravação é boa, visto que é bem difícil timbragem pra esse tipo de som, caso você não tenha um bom engenheiro de som e/ou produtor musical. Passaram, ou melhor, retornaram com louvor a cena, parabéns Raimundos, inovaram fazendo o que sabem fazer, com criatividade e coragem, no meio desse ostracismo e mediocridade musical mainstream.

Nota 8